O Artista multifacetado Yuri Perroni fala da carreira, Carnaval e do seu futuro como empreendedor
Data de Publicação: 23 de março de 2023 15:06:00
Negro, gay, valente, talentoso e um artista formidável, conheça a trajetória de Yuri Perroni
Por: Sabrina Andrea
Fotos: Acervo pessoal Yuri Perroni
@yuriperroni
Em entrevista à Revista Feras do Carnaval, Yuri Perroni, criador de conteúdo digital, promoter, apresentador, bailarino e coreógrafo fala do seu status atual rumo ao Carnaval 2024. Levanta sua bandeira contra o machismo no universo carnavalesco, ele que se declara gay. Conta um pouco de sua trajetória, como alcançou o sucesso e traça um panorama das mudanças que deveriam haver no Carnaval para um futuro mais igualitário.
Revista Feras do Carnaval: - Você continua no Salgueiro em 2024? Fará algum trabalho em paralelo para alguma outra agremiação?
Yuri Perroni: - Sim, continuo no Salgueiro em 2024 no Maculelê Show (Ala Coreografada). Por enquanto, realizo um trabalho na Unidos da Barra da Tijuca onde estou como Coreógrafo do 1°. casal de mestre-sala e porta-bandeira.
Revista Feras do Carnaval: - Como você lida com o machismo dentro do universo carnavalesco? Afeta seu trabalho?
Yuri Perroni: Na verdade o machismo é uma realidade dentro do carnaval, infelizmente. E acredito que muita gente não sabe disso, pois não é um assunto falado ou discutido normalmente nessa área. Mas eu como um homem gay que faz parte da minoria da sociedade, não foi difícil identificar o machismo dentro do carnaval e percebo isso desde muito pequeno quando comecei atuar no samba. O machismo é estrutural e não seria diferente ele existir no mundo do samba. Acredito que é preciso ser pautado sobre isso para começar a ser desconstruído e como percebo que ninguém se coloca pra tentar mudar, eu decidi começar a falar sobre isso que é de uma importância tamanha para toda minoria, principalmente as mulheres. E como um profissional do carnaval, sendo um homem gay acabo sendo afetado de várias formas, sempre preciso mostrar um trabalho dobrado para conseguir respeito.
Revista Feras do Carnaval: - Nos conta um pouco sobre sua trajetória no meio, como é visto e como alcançou tal reconhecimento.
Yuri Perroni: - Comecei no carnaval muito cedo, devia ter uns nove ou dez anos. Já dançava, fazia ballet, jazz, afro, etc. Comecei em ala coreografada na Mangueira do Amanhã. Fiz um teste para ser mestre-sala na Escola Mirim Mel do Futuro e passei, e logo entrei para a Escola de mestre-sala e porta-bandeira Manoel Dionísio e não parei mais desde então. Hoje sou reconhecido como bailarino e mestre-sala no mundo do samba devido às escolas onde já passei. O reconhecimento veio devido a minha dedicação e entrega em todo trabalho que faço. Eu amo a arte de m.s e p.b e sempre me dediquei muito, acredito que isso me destacou.
Revista Feras do Carnaval: - Qual sua visão perante a atual realidade do Carnaval e o que você tem de sugestões para mudanças e/ou melhorias visando maior aceitação? E como vê seu futuro nesta área?
Yuri Perroni: Minha visão diante a realidade atual é que estamos em desconstrução, mas ainda faltam muitos passos para a igualdade. Se hoje estamos conquistando os espaços foi porque antes de mim outros vieram abrindo caminhos e acho importante que nós (minorias) devemos continuar colocando a cara pra bater, mesmo para que um dia a igualdade seja uma realidade não só no mundo do samba e sim no mundo inteiro. Só assim vão aceitar, respeitar e entender se corpos como o meu forem resistência e assim serei e estou sendo. No futuro pretendo dar continuidade ao que mais amo fazer na vida que é: dançar. Independente de onde eu esteja, quero estar dançando. E quero muito que no futuro enxerguem o talento e o dom e não a nossa sexualidade.
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