Crivella teria interferido no resultado do carnaval de 2018, segundo investigação do Ministério Público
Após rebaixamento, prefeito teria assinado documento dizendo que não se opunha que o Império Serrano e a Grande Rio desfilassem no Grupo Especial.
Por Marcelo Bruzzi, Marcelo Gomes, Ricardo Abreu e Fernanda Graell, GloboNews e TV Globo
A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apura a existência de um suposto esquema de corrupção na Prefeitura do Rio, apontou a interferência do prefeito Marcelo Crivella no resultado do carnaval de 2018. Naquele ano, as escolas Grande Rio e Império Serrano foram rebaixadas.
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Segundo os promotores, por influência direta do empresário Rafael Alves, Crivella escreveu uma carta à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).
No documento, o prefeito informa o "nada a opor" da Prefeitura do Rio ao convite para que as duas escolas, mesmo rebaixadas, participassem do desfile do grupo especial, a elite do carnaval carioca, no ano seguinte - o que, de fato, aconteceu.
A influência do empresário no universo do carnaval começou a partir do momento em que Crivella nomeou seu irmã, Marcelo Alves, como presidente da Riotur. O órgão é responsável pela promoção de eventos turísticos na cidade – o carnaval está entre eles.
No dia seguinte ao envio da carta, e à decisão por parte da Liesa de manter as duas escolas rebaixadas no grupo especial, em mensagem trocada com o doleiro Sérgio Mizrahy, cuja delação deu origem à operação, Alves comemora a decisão, vangloriando-se.
"Assinado, p... Eu sou f...", disse.
"Todos viram quem manda sou eu e ponto", disse Alves em mensagem. — Foto: Reprodução
No entanto, a carta assinada por Crivella vazou para a imprensa, o que deixou Alves insatisfeito.
Mesmo assim, em outra troca de mensagens, ele afirmou que era a pessoa que mandava - inclusive afirmando que seria "o dono da caneta".
"A caneta é minha e não de A ou B e sim só minha!!!!", afirmou Alves em mensagem. — Foto: Reprodução
"Todos viram. Quem manda sou eu e ponto. Sei ajudar, mas também sei prejudicar. A caneta é minha e não de A ou de B. Só minha!!!!".
Os promotores afirmam que "inexiste dúvida que os reiterados pleitos de Rafael Alves, pessoa absolutamente estranha aos quadros da administração municipal, são prontamente atendidos por Marcelo Crivella, ainda que isso implique na revisão de atos legitimamente praticados por servidores municipais atuando em defesa do interesse público".