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Bateria da Cásper: Mulher Pássaro e a primeira gestão feminina no comando

Bateria da Cásper: Mulher Pássaro e a primeira gestão feminina no comando

Data de Publicação: 2 de setembro de 2020 23:22:00

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Por: Karen Oliveira - Jornalista do Site e Revista Feras

 

Quando o assunto é a presença feminina no samba brasileiro, a conversa é carregada
de história. O universo de escolas de samba e baterias universitárias sofre por ter sido
moldado em padrões machistas, tais quais alguns são mantidos até hoje. Portanto
existe uma constante luta para a ocupação feminina no samba, em cargos rítmicos e
administrativos, que quebra com esses padrões, resultando em casos como o da
Bateria da Cásper. 


A bateria da faculdade de comunicação Cásper Líbero, de São Paulo, é um ponto fora
da curva com relação à outras baterias. Com mais de 50% dos ritmistas sendo
mulheres, a força dessa entidade se encontra justamente nesse diferencial, que reflete
na parte administrativa: em 2020, pela primeira vez na história da bateria, foi eleita
uma gestão totalmente feminina. 


A estudante de jornalismo e DM da Bateria da Cásper, Yasmin Luara, 20 anos, reforça
a importância de mulheres ocuparem esses cargos de liderança. “Quando você vê um
lugar que é liderado por mulheres, uma sensação de segurança e acolhimento é
transmitida imediatamente. É importante a gente ver isso dentro de times e baterias”,
diz ela.  


A Bateria da Cásper se destaca por carregar uma história de mulheres fortes que, nas
palavras da Yasmin, colocam muitos ritmistas homens de escola de samba “no
chinelo”. Ela ainda reflete que a bateria está caminhando para uma questão
administrativa de representatividade muito grande. “Para quem já é da bateria isso

pode não ter um peso muito grande, estamos acostumadas, mas quando a gente vê o
mundo do samba em si, até para outras baterias universitárias, não é assim que a
banda toca”, afirma.

Além da liderança feminina, cinco dos sete representantes de naipe são mulheres. A
também estudante de jornalismo e representante do naipe do agogô, Mariana
Nakajuni, 19 anos, reconhece a força desses números hoje na bateria. Ela afirma que
“seja em um congresso ou em uma bateria universitária, é importante que mulheres
tomem decisões e façam com que suas vozes sejam ouvidas”. 
Essa representatividade se reflete na nova identidade da bateria, a Mulher Pássaro.
Mariana lembra da primeira vez que viu o post anunciando a troca do Homem Pássaro
pela Mulher Pássaro: “Eu não esperava, me pegou de surpresa, minha vontade foi de
gritar e chorar de alegria”. Além da “MP” ser mulher, é também retratada tocando um
surdo, instrumento que ainda carrega o julgamento de ser um instrumento de homem,
portanto ela representa a ocupação feminina de mais um cargo predominantemente
masculino.


Pensando na história de mulheres fortes na Bateria da Cásper, a gestão de 2019
finalmente decidiu pela troca. Yasmin, que na época era Vice-DM, diz que a cara da
bateria sempre foi uma mulher. “Eu acho muito simbólico a gente ter tornado isso
oficial agora que temos essa gestão 100% feminina. A gente pode não ter noção disso
agora mas, no futuro, a Mulher Pássaro da Bateria da Cásper vai ser um ícone muito
grande”, afirma a DM.

Aos poucos, os cargos rítmicos e administrativos, majoritariamente preenchidos por
homens estão sendo ocupados por mulheres, aquelas que quebram barreiras e
desafiam estereótipos. A Bateria da Cásper é um exemplo a se orgulhar. Cabe a nós

fazer com que ela não seja exceção, e sim uma de muitas. É necessário reconhecer e
auxiliar na luta das muitas mulheres que crescem e se desenvolvem no universo do
samba (de baterias universitárias a escolas de samba), a fim de diminuir cada vez
mais os resquícios do machismo, tão presente nesse universo.

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