Diagnóstico Cebola: O bruxo das fábricas de ilusões do Carnaval
Data de Publicação: 4 de agosto de 2020 19:10:00
Por: Cristiano Costa Amendoim
Foto: Felipe Araujo
Difícil é fazer fácil quando se limita a se virar no 30. Assim tem sido a vida de um dos carnavalesco mas aventurados do Carnaval do Brasil. Cláudio Cebola assim chamado já passou por inúmeras escolas principais do Rio e São Paulo.
Iremos indagar e deixar as máscaras da tristeza cair, pois será um contexto Mágico de muitas alegrias neste momento, conhecendo suas lutas e vitórias.
Revista Feras: Cebola, considerado bruxo do Carnaval, a que veio esse apelido, quando começou e seus maiores feitos na sua coloração do carnaval brasileiro?
Claudio Cebola:
- Fala aí galera, um prazer imenso estar aqui com o Cristiano e a galera da Revista Feras. Como muitos sabem, ganhei meu apelido muito novo, pois sou nascido e criado na comunidade da Vila Vintém, em Padre Miguel no Rio de Janeiro, quem é do Carnaval e carioca nato conhece, onde nós temos duas dos grandes patrimônios do carnaval, a Unidos de Padre Miguel e a Mocidade Independente de Padre Miguel, comecei ainda muito novo na Mocidade Independente, que através de amigos, independente der sermos um dos berços do Samba, toda comunidade tem suas mazelas, e eu aos 16 anos comecei a trabalhar no barracão da Mocidade em plena Praça Onze, deixei minha família louca quando souberam na época, pois era no centro da cidade em um ambiente totalmente desprovido para menores. Cercado pelo Samba de tia Ciata, Vila Mimosa, em tempos de atuação do grande amigo e saudoso carnavalesco Fernando Pinto, com uma cabeça totalmente psicodélica. Lembro-me quando entrei na Padre Miguel através de amigo, minha mãe e minha família mesmo se vendo loucos com aquele momento me viu também livre de algumas influências da comunidade, e eu sempre fui um adolescente muito curioso, isso é bom e também é muito ruim, e eles tiveram a ciência que ali eu ia aprender alguma coisa, até porque comecei a trabalhar com grandes Feras, Jorge Fernando diretor da Globo, Mauro Tauber, um estilista muito conhecido no Rio pela Loja Company, uma loja que foi grande sucesso na década de 80 e 90, e foi com essa turma que eu engracei no carnaval, como eu tinha língua presa, daí surgiu o meu apelido de Cebolinha, em homenagem a turma da Mônica. O Bruxo veio bem depois, veio durante a minha caminhada no carnaval, em Tupinicópolis, Ziriguidum 2001, com um carnavalesco que veio com uma odisséia no espaço, nos meado das décadas de 80 com um carnaval totalmente futurista, tive que beber da água dessa fonte, de um dos maiores artistas carnavalescos que o Rio já teve. Lembro na época tínhamos uma chefe no barracão, Ivi Ramalho,ex esposa do Zé Ramalho, uma artesã, uma grande artista que tinha no carnaval, na confecção de chapelaria, já meu segundo ano ela disse que eu tinha uma mão muito boa, que poderia render muitos frutos ao carnaval. No meu segundo Ano, com o enredo de 87, Beijinho, Beijinho, BYE, BYE BRASIL, do carnavalesco Fernando Pinto que teve uma morte trágica este ano, quando nos meus 17 para 18 anos eu já fui designado para cargos de confiança, chefiando e assessorando Ivi Ramalho, na linha de frente, assim começa minha trajetória no carnaval. Após a era Fernando veio Renato Lage, fiquei nos carnavais do VIRA VIROU, CHUÊ, CHUÁ, AS ÁGUAS VÃO ROLAR, SONHAR NÃO CUSTA NADA, OU QUASE NADA, MARRAIO, FERIDÔ SOU REI, AVENIDA BRASIL,TUDO PASSA E NINGUÉM VIU, e ao longo desses anos todos, aprendi muito com o mestre Renato aonde aprendi muito, responsável pelo barracão, chefe de alegoria, tinha atelier em casa, e aí minha carreira começava a despontar. Tivemos uma briga no final do Avenida Brasil, uma briga muito séria, Renato é um geno porém é um artista muito genioso também, e eu também não fico muito pra traz, então, foi quando passei para o Salgueiro, trabalhando com Roberto Szaniecki, no ano de 95, com o tema CASO POR ACASO, fizemos um grande trabalho no Salgueiro. Logo após alguns problemas de alegorias na Mocidade, voltei a fazer as pazes com a escola no ano de 99 com o enredo do VILLA LOBOS, ao lado de Renato que é e sempre será meu ídolo, e aí fizemos um grande carnaval junto com Renato.
Minha trajetória assinando como carnavalesco começou no ano 2000 na Tom Maior, quando o presidente era o Marquinhos, veio de São Paulo me levar para fazer seu carnaval,. Saudoso Marquinhos, irmão, parceiro, também um louco, veio até o Rio e me buscou, também com alguns problemas na escola, né, pois quando se tem algum problema eles chamam o Claudio Cebola, incrível, parece um super herói, tem problemas chama o cebola pra resolver, é mais ou menos isso que acontece comigo, Tom Maior não tinha barracão, ainda enfrentava problemas financeiros, porém por pouco a Tom Maior não fica no especial aquele ano. Mais aí, minha carreira começou em São Paulo. Fui pra Império de Casa Verde, com o enredo FANTÁSTICA MÁQUINA DOS SONHOS, na verdade o Império, já havia feito alguns trabalhos também para o Raul Diniz, mais em 2001 foi o meu primeiro enredo autoral, fui amadurecendo, e aí começou meu apelido como Bruxo, que comecei a fazer carnaval do lixo, como Joãosinho Trinta, reciclando e no final gerando grandes resultados, que me fez ser um dos grandes artista que São Paulo tem até hoje em sua galeria. Depois do Império, tive no carnaval de Manaus, fiz a escola Sem Compromisso, daí voltei a fazer São Paulo, desta vez na Águia de Ouro, com um grande amigo Sidney Carriolo, pessoa muito querida, onde tive um grande aprendizado com a família da Pompéia. Criamos enredos como PÃO NOSSO, que inovamos trazendo um Bispo para avenida, o Bispo Dom Mauro Morelli, chocando trazendo um bispo do alto clero para o carnaval. Depois veio ANA MARIA BRAGA, falando da culinária. Passei pela Mancha Verde junto com Paulinho Serdan, tivemos muitas alegrias também com a família Mancha, os caras me aturaram, mas foi um grande prazer, em 2010 deixei a escola com o tema AO MESTRE COM CARINHO, retorno a Mancha em 2007 e fui realizar um sonho, que foi ser carnavalesco da Mocidade, ao lado de Cid Carvalho, como segundo carnavalesco, com o enredo O QUINTO IMPÉRIO, e no ano de 2009 assinei sozinho, peguei uma Padre Miguel sofrida financeiramente e conseguir segurar minha escola no grupo especial. Ano seguinte como citado acima fiz Mancha Verde, que após o campeonato de 2019, foi a melhor colocação da escola no especial na quarta colocação, fiz A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, TROPICÁLIA, FOGO, JOÃO NOGUEIRA, CAYMMI, junto ao Del de Moraes, JAPÃO, viemos de terceiro, e votei em seguida para a Tom Maior, minha origem na cidade.
Novamente ao meu retorno a Tom Maior, peguei a escola sem barracão e sem quadra, a escola havia descido para o acesso. Com a Tom tivemos grandes enredos como MILTON NASCIMENTO, após Claudio Cebola, outras co-irmãs começaram a exaltar nomes da música popular brasileira, me torno um inspirador no setor em São Paulo. Subimos com a Tom, sempre tive ao lado da Tom, nos piores momentos sempre estou ao lado das escolas, isso me amadurece como grande artista, sempre me saio bem na adversidade, não que eu queira isso, mas me faz bem. Trouxe ELBA RAMALHO em 2017, e sabemos que das escolas que abrem o carnaval, nunca ficam, acreditamos e ficamos, foi um grande carnaval, com muitos erros no decorrer da pista, mas ficamos. Foi aí que tive a idéia de fazer as duas Imperatrizes para a avenida, com o aval do presidente Luizinho Drumond da Gres Imperatriz Leopoldinense e com o momento da novela da Rede Globo, Novo Mundo, que está sendo hoje reprisada, fizemos um grande desfile com a junção da Princesa Leopoldina que deu origem a estação de trem que deu nome a escola de Ramos. Juntei tudo, só que quase no final do ano, tivemos um desentendimento, a escola tocou seu projeto, ficando em quarto lugar, deu tudo certo para eles, mais tive aí meu pedaço do bolo, pelo desenvolvimento e pesquisas, mesmo com esse episódio, deu uma pequena repercussão, talvez não pra Tom, mais pra mim, assim retomei minha história.
Voltei para a grande Camisa Verde e Branco, tive em Santos, e fiz carnaval em Vitória, fui campeão em vitória, Amazonense em Santos a escola com verba bloqueada, ao mesmo tempo o Camisa também com verba bloqueada, aí a Erica Ferro estourou essa onda aí de Bruxo, Bruxo, e ficou. Erica é uma malucona mais é guerreira, segurou essa aí também, a escola com muitas dificuldades, sem ela não seria possível. Mas acho que passei no Camisa e acende uma chama, tenho um carinho imenso por todos, mesmo não estando mais lá, fiz isso no Camisa, na Tom, acredito que o Camisa está no caminho certo e espero que em breve, chegará aonde merece.
E é isso aí leitores do Site e Revista Feras, estamos juntos, aqui é Claudio Cebola, com polemica e sem polemica, muitos falam de loucura mais sou muito certo com meu trabalho, com uma história que ninguém pode apagar. Vou sempre ao extremo, tenho minha passagens pelo Rio e São Paulo, sou muito chato com meu trabalho e afirmo, não cai de paraquedas na folia. Sou um lutador, até o momento estou sem escola, e quanto ao momento do carnaval de 2021, estou vendo muita gente sem emprego, nesse momento tão difícil, onde costureira, carnavalescos, artesãos, pintores, aderecistas, que estão passando por grandes dificuldades, mas espero que o bom senso prevaleça, porém acredito em milagres e que tudo isso vai passar. Sou apaixonado pelo carnaval, o carnaval gera tanto emprego, e logo com a vacina tudo ficará mais seguro. Espero que todos aprendemos uma lição, que seja essa o legado dessa pandemia.
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